Só mais uma de amor

Era março de 2010, e ele apareceu sorrindo no meio da multidão. O seu astral elevado podia ter passado despercebido, mas não foi o que aconteceu.

Ela, embora não compartilhasse de tanta alegria, achou graça, invejou mentalmente aquele sujeito e por um descuido, deixou escapulir um sorriso também. Coincidência ou não, nesse mesmo momento ele mudou a direção. Não só a sua. Ela parou de olhar pra trás – de lembrar tanto do passado –, e ele, deixou de olhar pros lados e resolveu olhar para ela.

Três meses depois, este mesmo cara já dormia, acordava, e enfim, fazia morada nos seus pensamentos. Saiam bastante juntos e desde o início, se beijavam sempre como se fosse a última vez. Ele sabia que não tinha a menor chance daquilo tudo – por mais bonito que fosse – terminar com um “felizes para sempre” (nem que a felicidade eterna fosse para os dois, vivendo separados). Alguém sairia perdendo e embora ela já tivesse cansada de afirmar não ser de louça, toda vez que ele pensava na grande probabilidade de vir a machucá-la, e acabar quebrando o que ela tinha de mais precioso, ele deixava transparecer o seu medo do que ia ser. Infelizmente, ela era teimosa e nem se importava.

Como eu ia dizendo, os avisos de perigo estavam por todos os lados, mas ela fechava os olhos pra não ter que enxergar. Ele se divertia com a vizinha, dormia com a garota da faculdade e embora fosse ela – e ninguém mais –  a sua melhor companhia para os dias frios, a casa da ex namorada era frequentemente o seu destino certo nos fins de noite, aos domingos.

Certo dia, ele querendo evitar – de verdade – ser ainda mais cruel, pediu licença pra enfiar goela a baixo tudo o que ela não queria ter que engolir, falou tudo, tim tim por tim tim, depois disso, partiu, nunca mais deu notícias. Ela, cansada de procurar saber e de se humilhar, seguiu com a sua vida, se formou na faculdade e conheceu muita gente nova, mas, pra ser bem sincera, até hoje chora escondia quando se lembra do que foi, e briga com ela mesma tentando não imaginar o que poderia ter sido.

Não é uma história bonita, essa é só mais uma de amor, e ela era só uma garota comum, que como a metade do mundo que ama ou já amou um dia alguém, também se apaixonou e se entregou. Pena, que ele foi só mais um – no meio das tantas outras pessoas – que fazem parte da OUTRA metade.