Trocando ilusões

18 de julho de 2014
A menina era tão linda que lá do meio da pista os meninos chegavam a perder o ritmo... se distraiam ao olhar aquelas curvas imóveis, que só existiam do pescoço para baixo e mentalmente criavam mil teorias para explicar porque ela estaria num lugar como aquele se não parecia ter a menor disposição para se divertir.

Uma noite sim outra também, ela estava lá. Sempre parada e de longe ficava observando aquelas luzes que pareciam quase tão inconstantes quanto o seu coração. Lá uma vez ou outra, algum admirador corajoso e convencido, se aproximava e tentava manter um diálogo, mas, ela sempre pareceu mais interessada no garçom, que por sua vez, no lugar de intenções e curiosidades, sempre vinha sorridente trazendo outra bebida.


O coração dela estava fechado pra balanço, ele não era mais capaz de sentir o prazer de viver um sentimento, até porque ainda havia muitos vestígios da bagunça causada pela última ilusão que ela havia se permitido ter. Já o fígado era forte, e depois de mais uma noite como aquela, as dores de cabeças e náuseas, por mais terríveis que fossem, pareciam nada perto de tudo o que ela já tinha passado.

Desde que o cara que ela havia permitido que causasse tanto estrago apareceu (ou deixou de aparecer), ela podia ter saído por ai ferindo outros corações masculinos como forma de se “vingar” ou ficar em casa se lamentando, podia tentar ligar pro ex ou difamá-lo por aí, mas não. Ela tomou a sua decisão. E decidir viver assim, dando prioridade a outro órgão, foi uma opção necessária. Não era mais possível viver tão vulnerável e ela achou na bebida uma forma de se iludir que machucava menos.      

Não é fácil compreender, mas, nem os moços que a observavam de longe nem qualquer outra pessoa teriam o direito de julgar a sua escolha, pois ninguém passou por ela todos os dias difíceis, ninguém sabe o que realmente aconteceu, nem quais foram as lutas (contra os próprios sentimentos) que ela teve que enfrentar sozinha.

Não creio que ela tenha achado na bebida uma válvula de escape, uma saída, mas, foi um ponto de repouso. Uma proteção, embora ela nunca tenha se sentido tão desprotegida assim. Ela escolheu dos males, o que menos lhe causava dor, das dores e incômodos, os que poderia suportar mais facilmente. Foi uma troca e ter que lidar com as consequências era “um brinde a mais” que não a deixava esquecer o quanto podia ser perigoso querer viver um conto de fadas.        

            

7 comentários

  1. bonito texto, uma realidade bem comum nos bares hoje em dia. Adorei teu jeito de escrever, lindo *-*
    (teu backgrond é o meu plano de fundo do whats ♥ ♥ ♥)
    2bjos
    ameninaqueprocuravasorrisos.blogspot.com

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  2. Olá linda. Bom, há um tempo eu te propus parceria, mas você estava ausente naquele período e pediu para que eu entrasse em contato se ainda estivesse interessada. Então.. Sim, ainda estou interessada. Espero ter o seu retorno, ok linda? Beijão ;)
    http://manuellacastelan.blogspot.com.br/

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  3. Parabéns pelo texto. Gostei muito :)
    beijinhos
    moumeraki.blogspot.com

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  4. Obrigada Bianca e Soraia, fico feliz que tenham gostado!!! :D
    Manuella, já te enviei um e-mail! rs

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  5. Oi, tudo bem?
    Parabéns pelo texto, adorei! Você escreve muito bem!
    Beijos!
    http://borboletasliteraria.blogspot.com.br/

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  6. Um texto muito bonito e intenso. Gostei. Bjus!

    galerafashion.com

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  7. Adorei o texto <3.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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